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A crise humanitária e de segurança em Nagorno-Karabakh
A região de Nagorno-Karabakh,, uma pequena área montanhosa no Cáucaso, está no centro de uma disputa diplomática e militar entre Armênia e Azerbaijão, duas ex-repúblicas soviéticas que travaram duas guerras por este enclave. Apesar da maioria da população de cerca de 120 mil pessoas ser etnicamente armênia,, o território é reconhecido como parte do Azerbaijão. A crise de segurança entre Armênia e Azerbaijão tem origem antiga, com raízes no final da década de 1980, em meio ao processo de desmantelamento da União Soviética. Entre 1988 e 1994, os dois países travaram uma violenta guerra sobre o enclave, que deixou cerca de 30 mil mortos, e terminou com um acordo de cessar-fogo mediado pelos russos, que passaram a atuar como uma força de manutenção de paz. Nas décadas seguintes, conflitos de pequena escala deixaram centenas de vítimas, mas em 2020, uma nova ofensiva liderada pelo Azerbaijão levou a uma segunda guerra aberta entre os dois países, que causou grande destruição material e provocou mais de seis mil mortes. Na ocasião, Baku recuperou parte da região, e usou seus ganhos com gás natural para comprar armamento superior da Turquia e de Israel, que lhe garantiu vantagem no campo de batalha. Essa guerra é considerada uma espécie de prelúdio às ações do governo azeri, que em dezembro do ano passado impôs um bloqueio às regiões armênias, e que, na semana passada, lançou uma ofensiva contra o que restava de resistência local, forçando a saída de dezenas de milhares de pessoas rumo à Armênia. A crise humanitária, até o momento, está sendo contida dentro do território armênio, enquanto uma resposta mas ampla da comunidade internacional ainda não saiu do papel. Neste episódio do Ao Ponto, o pesquisador-associado do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre o Oriente Médio (Gepom), Heitor Loureiro, fala sobre o conflito territorial que já dura décadas e sua relação com o desmanche da União Soviética. Ele também discute o papel de outros países na crise, como a Turquia, que presta apoio aberto ao governo de Baku, e da Rússia, que apesar do papel de mediador tem trocado farpas com as autoridades da Armênia, a ponto do contestado premier Nikok Pashinyan, ter declarado, no dia 13 de setembro, que não podia mais contar com os russos para garantir a segurança de seu país — isso, meros seis dias antes da operação azeri. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.