O legado que fica nas toalhas das mesas de cafés. Uma conversa com Vladimiro Nunes

0 Views· 06/21/23
Enterrados no Jardim
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"Uma simples frase mais bela, um simples adjectivo mais acertado tem de atravessar imensas camadas de lama e esterco para enfim brilhar. As histórias da literatura só falam do brilho. Mas nunca da esterqueira donde emergiu. E é no esterco que sinto uma grande parte de mim", confessava Vergílio Ferreira no seu diário, e serve-nos isto como balanço quando há tanta resistência a que se fale das coisas com alguma propriedade, e certamente deslustrando os mitos e o prestígio quando o sector editorial nas últimas décadas se viu tomado por uma engrenagem especializada em sangrar essa aura e deturpar todos os elementos de degradação na cadeia, sempre com vista a intrujar o leitor. São raros hoje os editores que se batem para resgatar aquele brilho sem esconder todo o esterco em que diariamente é preciso arrastar-se para levar um livro em condições até às mãos do leitor. Vladimiro Nunes usa a corda que tem ao pescoço para se lançar adiante, e está a criar o tipo de catálogo que para uns lembra e a outros explica o gosto de ter crescido em casa de pais ou avós que liam muito, que tiveram o cuidado de organizar a biblioteca de tal modo que as fases de crescimento pudessem ficar marcadas pela altura das estantes. Agora chegou a vez dele passar o testemunho. E além de recuperar a obra de Natália Correia, tem sido um dos editores que de forma mais criteriosa se tem esforçado por criar uma biblioteca dirigida aos mais novos com gemas de e.e. cummings, Faulkner, Ted Hughes, Virginia Woolf, entre outros. Vamos por aí e por outros lados na tentativa de achar um rumo entre sinais antigos e que hoje se nos adiantam.

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